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terça-feira, 31 de maio de 2011

Registro fotográfico da 1ª batizada na Assembleia

Ismael Machado


Têm sido agitados os dias de Francisco de Assis Barreto às portas de completar 79 anos. Não que sejam os preparativos para uma merecida festa de aniversário. É que, mesmo sem saber à época, Francisco Barreto entrou para a história do centenário da Assembleia de Deus, por ter feito o único registro fotográfico da primeira pessoa a ser batizada sob o cânone da igreja pentecostal. Celina Martins Albuquerque foi imortalizada já quase no final da vida, num retiro para pessoas idosas, ainda lúcida. Foi a foto da vida de Barreto.

“Eu não tinha noção da importância que essa foto teria no futuro”, diz o fotógrafo aposentado, ainda na varanda de casa, olhando para a reprodução da fotografia numa revista. A fotografia já correu o mundo. No dia 8 de junho, Celina Albuquerque será mais uma vez lembrada, quando se completarem 100 anos do batismo dela.
Barreto lembra com clareza o dia em que a fotografou. “Foi na segunda metade da década de 60. Ela morava num abrigo próximo à Tavares Bastos. O pastor Francisco Vidal chegou comigo e deu a ideia. Disse que a irmã estava velhinha, que brevemente ela estaria partindo e que eu deveria fotografá-la”.

Desde abril de 1954, Francisco trabalhava com fotografia. Era um trabalho artesanal, de reproduções, numa época em que fotos coloridas, só pintadas a mão, com óleo, aquarela. Era uma técnica chamada de viragem, que primeiro transformava a foto originalmente em preto e branco para tons marrons, a fim de que depois pudesse ser pintada.

A foto em si é simples. Sentada numa cadeira de vime, os cabelos brancos presos, vestido claro, olhando para a frente, Celina foi clicada lateralmente, num jogo de luz e sombra. Ao fundo, dependendo do corte da foto, pode-se perceber uma mulher e um homem, que observam o instante fotográfico. “Fiz mais duas poses, uma com o pastor Vidal ao lado dela, mas essas se perderam”, diz Francisco Barreto.

Celina Albuquerque tinha 34 anos quando foi batizada. Até então era professora da Escola Dominical. Segundo os relatos históricos da Assembleia de Deus, estava acamada, sofrendo de um possível câncer nos lábios.

Teria sido curada depois de intensas noites de oração, passando a querer ser batizada de acordo com os preceitos da igreja que surgia. O batismo ocorreu na madrugada de quinta-feira, 8 de junho de 1911.

Ao fotografar Celina, anos depois, Barreto considerou aquele apenas um trabalho, como outro qualquer. “Se fosse hoje, eu iria conversar com ela, me empenhar para conhecer a história. Eu não tinha como imaginar a importância que esse registro teria. Mas sei que com essa foto eu entrei para a história”, diz o aposentado, enquanto tenta lembrar com qual, das tantas máquinas que ainda possui de lembrança de outra época, teria feito o tempo parar.

A mítica roleiflex é a alternativa mais previsível. “Talvez tenha sido essa”, fala como se para si mesmo. “Quem diria que eu estaria dando entrevista sobre isso?”, diz, antes de fechar o portão e voltar, sorrindo, a passos lentos, para dentro de casa. (Diário do Pará)





















Este é o único registro de Celina, batizada pela Assembleia

Fonte: Diário do Pará
IEAD - O Centenário

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