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domingo, 19 de junho de 2011

Memória viva dos primórdios da igreja centenária


Ela caminha em passos miúdos. Com disposição, adentra a sala da sua residência na travessa 9 de Janeiro, entre Antônio Barreto e Diogo Moia, onde os nove filhos foram criados. Com a vista já fraca, pergunta onde estão as pessoas que vieram conversar com ela e não esconde a ânsia em refazer a própria trajetória, uma história que se confunde com a trajetória da Assembleia de Deus.

Maria Correia completou 94 anos de idade na sexta, véspera do Centenário. Seguidora da igreja desde 1924, Maria é considerada a evangélica mais antiga ainda viva. Com bom humor e lucidez, ela começa a tecer suas lembranças mais remotas. “Lembro que eu tinha sete anos quando disse para a minha mãe que queria aceitar Jesus. Via as pessoas na igreja orando e cantando os hinos e queria participar também”, recorda-se.

A escolha espontânea de Maria em fazer parte da Assembleia de Deus contou com o apoio dos pais, Canuta e Frutuoso Queiroz. O casal começou a frequentar os cultos da igreja ainda em consolidação e abriu as portas de sua casa para recebê-los. “Assisti ao culto daqueles que vieram para trazer a palavra [referindo-se a Samuel Nystron e Nels Nelson]. Era criança e, quando fui aprendendo a ler, fui conhecendo as escrituras e o trabalho deles”, conta.

Sobre os cultos realizados na casa dos pais, Maria recorda da presença de Celina Albuquerque, a primeira assembleiana a ser batizada pelo Espírito Santo: “Ela era uma senhora idosa. Lembro dela na sala de casa, participando dos cultos”. E por falar em batismo, Maria teve o privilégio de ser batizada pelo Pastor Nels Nelson, que na época era dirigente da Igreja Mãe, na 14 de Março: “Fui batizada e também presenciei batismos, tanto os realizados pelos homens como pelo Espírito Santo, quando a pessoa fala línguas estranhas, tomada pela força do Senhor”.

A relação de Maria com a igreja, estabelecida ainda na infância, se consolidou ao longo das décadas, quando ela começou a participar ativamente dos trabalhos da Assembleia de Deus. Durante seis décadas, ela exerceu as funções de dirigente dos Circuitos de Oração e diretora da Escola Dominical nos bairros de Fátima e Umarizal. Mas o seu trabalho mais apaixonante foi com a música. Dirigente do Coral das Senhoras, Maria dividiu com outras fiéis o seu prazer em cantar. Prática que até hoje ela desempenha com maestria, ao cantarolar todos os dias dezenas de hinos dos quais ainda recorda.

Sobre esta ligação com a música, o filho Elias comenta. “O primeiro hinário da Assembleia de Deus possui 524 hinos e ela lembra cerca de 60% deles. O dia dela é cantando. Pode perceber que ela termina de falar uma coisa e volta a cantar outra vez”, emociona-se.

Perguntada sobre como consegue lembrar todos estes louvores, Maria é categórica: “Não tem como esquecer as coisas de Deus”.

Devido à idade avançada, Dona Maria deixou de desempenhar as suas atividades evangelizadoras e de frequentar a igreja. Mas quando dá, ela vai acompanhada da filha Edite assistir aos cultos. “Quando ela está bem de saúde a gente leva ela ao templo. Esta semana mesmo ela fez questão de participar da concentração no Estádio do Mangueirão em comemoração ao Centenário. Essas visitas são feitas com dificuldades, mas com o coração”, conta a filha.

Como disse a própria Maria, as dificuldades nunca a afastaram da palavra de Deus. Tanto que diariamente ela realiza um ritual pessoal de congregação, onde ela ora, canta seus hinos favoritos e acompanha trechos da Bíblia narrados pelos seus filhos. Além disso, amigos e familiares se reúnem eventualmente em sua casa para orar.

E neste 94º aniversário, Maria ganhou um presente especial. Uma homenagem pelo templo da Assembleia de Deus do Umarizal, no mesmo dia em que é celebrado o Centenário da igreja que Maria ajudou a construir. “Me criei na Assembleia e cresci junto com ela. Sou muito feliz por fazer parte desta igreja e desta história”. (Diário do Pará)

IEAD - O Centenário

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