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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Dedicação de fé por vocação ou profissão?


São centenas, milhares de igrejas evangélicas espalhadas por toda a Região Metropolitana. Grandes ou pequenas, não importa. Há sempre um pastor pregando a palavra bíblica. Mas essa função é resultado de uma vocação ou deve ser vista como profissão? É uma discussão que vem se impondo cada vez de forma mais acentuada entre os membros das igrejas nacionais.

Algumas igrejas passaram a exigir formação superior em Teologia. Esse não é exatamente o caso da Assembleia de Deus. O que a igreja exige do pastor é uma formação teológica, seja ela básica, média ou de curso superior.

“No mundo atual, quando a maioria dos membros tem alguma formação acadêmica, é prioritário que pastores tenham igualmente. Alguns pastores atuam em ambientes com baixa formação. Neste caso é imprescindível que eles dominem não somente a teologia, como também antropologia, política internacional e outros assuntos”, avalia o diretor do Seminário Teológico da Assembleia de Deus em Belém (Setad), pastor Cláudio Pires.

O Seminário da Assembleia de Deus oferece cursos de Teologia em vários níveis. Há cursos que formam bacharéis, assim como licenciatura para formação de professores e até cursos para quem possui somente ensino fundamental ou ensino médio. A estrutura curricular dos cursos superiores abrangem disciplinas como Direito, Filosofia e cultura. Há ainda pós-graduação em nível de especialização e mestrado.

“O pastorado é uma vocação dada por Deus”, diz Firmino Gouveia, 86 anos. Ex-presidente da Assembleia de Deus e um dos pastores mais antigos da igreja, Firmino diz que cabe ao pastor saber honrar e dignificar essa vocação que lhe foi ofertada. “Ele é treinado por Deus para saber superar as adversidades da vida. É uma missão nobre”, diz.

Nobre e cada vez mais procurada. Afinal, há quem lute para que a função de pastor seja reconhecida como uma profissão, com direito a todos os benefícios trabalhistas. Estima-se que existam aproximadamente 190 mil igrejas evangélicas no país. Todas com seus respectivos pastores. Muitos com dedicação exclusiva.

CONGRESSO

A discussão em torno da regularização da profissão já tramitou pelo Senado Federal, através de um Projeto de Lei de 2005, arquivado em fevereiro deste ano.

Elaborado pelo senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), o projeto regulamentaria a profissão de teólogo. De acordo com o projeto, só poderia exercer a profissão e ser considerado teólogo aquele que tivesse curso superior de Teologia reconhecido pelo poder público; diplomados em curso superior similar no exterior, após revalidação do diploma no Brasil; e os que, embora não diplomados, estivessem exercendo a atividade quando a lei fosse publicada.

“Eu só acredito que o exercício do pastorado deve ser exercido por vocacionados. O caminho da generalização denigre a imagem do pastor. Isso não pode ser visto como uma carreira”, diz o presidente da Assembleia de Deus, Samuel Câmara, 53 anos, pastor há três décadas, desde que abandonou a promissora carreira de médico para seguir a própria vocação.

O que o pastor defende é que haja um aperfeiçoamento dos vocacionados. “Tem que se aperfeiçoar para desenvolver os talentos dados por Deus”, diz.

De certa forma é o que também defende o pastor Benjamin Souza, um dos estudiosos da história da Assembleia de Deus. “Só a vocação não basta. O pastorado hoje é uma profissão, como um médico. A medicina é um sacerdócio. Sem essa vocação o médico vai tratar pacientes como uma mercadoria. Ser pastor, embora tenha esse lado profissional, porque tem exigências, precisa de vocação. Há pessoas que tem o chamamento para ser pastor, mas não tem vocação. São coisas que precisam andar juntas”, diz.

“Com toda essa diversidade de igreja, para todos os gostos e desgostos, há pastores e ‘pastores’. Tem os que se preparam para atender e corresponder ao chamamento. Eu não posso chegar no púlpito e ficar enrolando. Tenho de ter conhecimento bíblico, tenho de contextualizar histórica e socialmente”, complementa.

Renovação: fundamental a quem prega

“Internamente precisamos provocar o entendimento maior entre os diversos segmentos e tendências da igreja. A Assembleia de Deus é um movimento com vários matizes. Precisamos fazer com que esses segmentos se entendam”. A frase do presidente da Assembleia de Deus, Samuel Câmara, resume o sentimento atual da igreja, em face das divisões que a Assembleia tem vivido nos últimos anos, consequência, inclusive do próprio modo descentralizado que a igreja tem para se administrar.

Há um entendimento interno na cúpula da Assembleia em Belém que a igreja está acomodada. Igrejas mais recentes conseguem mobilizar milhões de pessoas nas capitais. A Assembleia de Deus ainda não passou a utilizar essas ferramentas de modo mais efetivo.

No livro base para o Centenário da Assembleia de Deus há a constatação de que a Assembleia de Deus ainda é muito ausente das cenas de tragédia, no Brasil e no mundo. “Nações inteiras podem ruir por um terremoto, e alguns pastores assembleianos continuam pregando dentro dos templos como se nada tivesse acontecido.

ATITUDES

Não há menção desses fatos em sites oficiais de igrejas, jornais e às vezes nem um pedido de oração nos púlpitos”, diz o livro.

Em outro trecho, o livro diz que “mesmo conservando sua finalidade evangelística, uma convenção pode também se posicionar contra crimes e corrupções na política. Não há como pregar salvação a um país sem bater de frente com o diabo e denunciar o erro. Jesus viveu assim”. (Diário do Pará)

IEAD - O Centenário

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