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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Os donos do futuro da evangelização


Uma nova geração de evangélicos tem ajudado a transformar o perfil da igreja Assembleia de Deus. Ela se tornou mais tolerante e plural, embora mantenha intactos os princípios básicos que norteiam a fé cristã defendidas pela centenária congregação pentecostal. A nova geração não se prende a dogmas de vestimentas, tem relativa vaidade, cuida do corpo e está antenada com as novas redes sociais proporcionadas pela internet.

Andreza Burçãos é um exemplo. Com 20 anos, restam dois anos e meio para que se forme em Odontologia. Andreza é vaidosa. Capricha numa discreta maquiagem no rosto, usa roupas típicas de alguém da idade dela e gosta de música agitada. Tudo dentro do universo gospel.

“Há três anos Andreza namora Enaldo Júnior, também de 20 anos. Enaldo é filho de um pastor da Assembleia de Deus e lidera um grupo de jovens dentro da igreja.

Também vaidoso com o próprio corpo, Enaldo frequenta academia de ginástica e pratica esporte. Mas tudo sem excesso. Baladas, por exemplo, não fazem parte do repertório de vida dele. “O mundo oferece muita coisa sem substância. Muito jovem não sabe o que quer da vida e só pensa em curtição”, diz ele.

O que os dois não abrem mão é de um cinema. Comédias românticas e filmes de aventura estão entre os preferidos.

CASAMENTO

Essa atualidade tem limite, no entanto. Principalmente quando o assunto é sexo. “Minha visão é a de me guardar até o casamento”, diz Andreza.

É uma posição adotada e defendida também por Rebeca Portal, 15 anos, e Maely Freire, 16 anos. Maely é líder de núcleos evangélicos de adolescentes que se reúnem nas casas uns dos outros. Sobre sexo, é enfática. “Não gosto de me expor. A gente vive num mundo onde os jovens perderam valores. Eu tenho meus sonhos. Pretendo me casar pura, ter três filhos e três cachorros”, diz.

Para Rebeca, o namoro é uma fase de conhecimento e até mesmo amadurecimento. “Namoro não é só beijar na boca ou segurar na mão, mas é alguém com quem se deve contar em todos os momentos. Mas a respeito de sexo, acho que devemos nos guardar para alguém que realmente amamos e vamos nos casar. Pra mim o certo é o que está escrito na Bíblia. Ou seja: sexo só depois do casamento.

Ela diz que ser evangélica não a torna diferente. “É fato que pertencemos a um grupo cristão, mas somos iguais a qualquer jovem de nossa idade, mas claro que com restrições”, diz.

LIBERDADE

“É difícil dizer não ao assédio, mas eu prefiro ficar aguardando”, diz Pedro Paulo Freire, 18 anos, estudante universitário. Pedro Paulo quer ser empreendedor. Estuda Administração. Por enquanto, vive o que a idade lhe oferece. Joga futebol, frequenta academia. “É preciso gastar energia”, diz. Vez em quando frequenta uma balada gospel, com direito a funks, forrós, pagodes e outros ritmos, todos louvando a Deus. “O problema não são as baladas e sim o que a pessoa faz. Eu me valorizo e me sinto preenchido”, diz ele.

Na igreja que frequenta, no bairro do Marco, Marcelo Sousa, 25 anos, é chamado, na brincadeira, de ‘modelo’. Isso por conta da vaidade adotada por ele no modo de vestir. Ex-integrante de um grupo de pagode, ainda carrega um pouco do antigo modo de vida no estilo de roupa. Estão ali os cordões, as pulseiras, os anéis, vez em quando um chapéu e um gel no cabelo. Mas tudo isso, para Marcelo tem um sinônimo que lhe foi proporcionado pela igreja: liberdade. “O evangelho é liberdade. E liberdade não prende as pessoas naquilo que elas não querem ser”.

Uma nova linguagem, um novo tempo

Comportamentos como o dos novos e jovens integrantes da Assembleia de Deus acabam por ser criticados por parcelas das igrejas evangélicas. Mas foram jovens como eles que renovaram a forma de evangelizar. Essa condição é admitida pelo próprio presidente da Assembleia de Deus, Samuel Câmara. “O limite de tudo é a decência”, resume.

MUDANÇAS

Marcelo Sousa complementa. “Tem pessoas que vivem sob o jugo do pecado, mas viver sob o jugo da religião, quando se julga a tudo e a todos, acaba sendo uma forma de prisão também. Eu prego o Evangelho da maneira como Jesus me mandou pregar, com a minha linguagem e o meu tempo”.

A Assembleia de Deus sente que o momento é de mudança.

No livro base sobre o Centenário, há a seguinte afirmação: “imagine convenções utilizando recursos da internet para interagir com jovens, adultos e crianças. Transmitir cultos, realizar teleconferências para obreiros em suas próprias cidades”. (Diário do Pará)

IEAD - O Centenário

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